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segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Jewish Hospital e sobre dizer sim

Bonjour!

Estava planejando contar minhas peripécias na ordem em que aconteceram, mas esta semana fui parar no hospital então vou fazer um pequeno parênteses... não se preocupem pois já está tudo bem! :)

Como eu sou viajona mesmo, preciso começar contando que quando eu morei aqui sozinha, eu não parava em casa. Tinha assistido a um filme que dizia que a gente sempre deveria dizer sim aos convites que nos cruzassem o caminho, mesmo que não nos parecesse interessante no momento.

Sabe quando alguém te chama pra ir fazer alguma coisa que você não tá muito afim, mas você vai assim mesmo e isso acaba desencadeando coisas boas pra vc? O princípio era esse. Dizia pra aceitar o convite que viesse, poderia acabar conhecendo alguém ou fazendo algo importante pro seu futuro.

Bom, em 2010, como não tinha muito mesmo o que fazer (rs), estava vivendo sob este princípio... "vamos no Iglofest?" Passar frio? Afe, ta bom. "Vamos conhecer um restaurante lá depois do shopping angrignon?" Afe, ta bom. "Vamos comigo buscar uma carta de recomendação no Jewish Hospital, de ônibus, na hora do pico?" Afe, ta bom.

Muitas vezes foi chato, admito. Mas olha só o que aconteceu esta semana...

Acordei pra ir ao banheiro meio sonolenta e só depois que acabei vi que não tinha papel (quem nunca? rs). Acontece que eu compro um saco gigante de papel no costco e guardo em cima da máquina de secar roupa (que fica no banheiro). Eis que eu abro a portinha, puxo o saco de papel que fica no alto (porque a máquina de secar fica em cima da máquina de lavar) e derrubo tudo, inclusive o potinho de colocar sabão líquido que tava bem ali na frente.

Claro que o Ce tinha lavado roupa a noite e não tinha lavado o potinho, e quando o danado caiu no chão, espirrou gotas de sabão em tudo, até no teto, e uma delas foi parar dentro do meu olho!!!

Gritei de susto: "Cezar vem me acudir!!!" E comecei a lavar infinitamente na pia, o olho queimando muito e então o Ce disse: "larga tudo e entra no chuveiro!" Fiquei lá meia hora, juro, e parecia que ainda tinha sabão. Mas enfim, saí do banho, deitei e tentei manter o olho esquerdo fechado até a hora da minha aula (li umas 50 páginas com um olho só! até ficou doendo quando acabei! rs).

Nisso, o Cezar já tinha me acalmado, contou que o pai dele já derrubou cândida no olho do irmão e não aconteceu nada (crianças, vai saber o que passa na cabeça!). Então fui pra minha aulinha, com o olho vermelho e tal, mas todo mundo achando que era da gripe. (ah! nem contei que tava ruim de gripe né? pois é...).

Chegando lá, minha amiga me disse pra ir comprar um colírio, que não se brinca com olho, que tava inchado e bla bla bla. Quando acabou a aula, fui ver na pharmaprix (aqui vc passa em consulta com a farmaceutica mesmo). Expliquei que tinha espirrado sabão e que eu queria um colírio. Nem imaginava que ela ia me dar uma bronca:

- "O quê? Você derrubou sabão de manhã e não foi ver até agora? Você não pingou nada né? Não vou te dar colírio nenhum, você vai ver um médico amanhã de manhã (eram 8:30 da noite) ou então vai agora pra emergência do hospital, não sabemos o tamanho do dano!"

Saí super assustada, achei exagero, mas por via das dúvidas liguei pra minha mãe no Brasil (rsrs). Estava conversando com ela..."o que acha? Vou hoje, vou amanhã? Será que é perigoso?" E ela me diz: "ah, a gente não sabe, né? eu iria hoje mesmo..."

Nisso eu vejo passar o 165, o mesmo ônibus que peguei em 2010 pra buscar a carta de recomendação do meu amigo no hospital. Saí correndo e perguntei pro motorista pra confirmar: "vai pro Jewish Hospital?" E ele: "vai sim! senta perto que te aviso".

Nem acreditei. Eu que não lembro nada, lembrei do número do ônibus!!! Ele até passou na frente do General Hospital (o que eu fui quando bati a cabeça), mas meu amigo tinha dito que o Jewish era melhor, então fui até lá!

Tava muito frio e eu muito doente, a emergência até tava vazia, mas a triagem demorando muito... parecia até que tavam fazendo corpo mole. Teve uma mulher que chegou tão ruim depois de mim, que até troquei de senha com ela. E eles sem piedade. Cheguei as 9, era a segunda (depois terceira) e fui atendida 9:40. Isso porque tinham duas atendentes.

Levei outra bronca. "Só agora? Você não pode esperar nesses casos! Que sabão era? Tide? E eu: "não lembro, eu tenho 2, não sei qual meu marido usou". Aí já fechou a cara. Será que é por que revezo o sabão? Será que é por que meu marido lava roupa? Será que é por que não li a embalagem depois que caiu no meu olho? Será que ela também não sabe de cor o que está escrito no rótulo dessas embalagens: em contato com os olhos, lavar em água corrente por 15 minutos?" rsrs

"O que fez quando caiu o sabão?" - ela me interrompeu. "Lavei na pia! Lavei um tempo lá e depois entrei no chuveiro!". Fechou a cara de novo. "Chuveiro é agua morna, tem que ser água fria!!!". Afe. Mil formulários pra preencher, sistema de triagem deveria ser só com checklist!

Achei que ia levar umas 6 horas pra ser atendida mas, pra minha surpresa, trataram como emergência. Acho que o negócio é sério mesmo. Deve ter levado uma hora só (rs). Primeiro veio um enfermeiro, fez aquele teste de falar as letras. Com o olho esquerdo não sabia o que era R e o que era K, fui bem pior que com o direito, mas ele achou que foi igual. Vai ver chutei certo. "Tá normal, vou chamar a médica".

Mais uns 15 e veio a médica. Achei que nem ia examinar mas fui muuuito bem atendida! Examinou com aparelhinho de oftalmo, pingava uma coisinha, olhava, pingava outra, olhava, olhou muito! Já tava até ficando assustada, quando ela disse: "como você demorou pra vir, eu já teria visto algum dano na sua córnea, aparentemente está tudo bem. Vamos só fazer uma lavagem porque o seu olho está com o ph alterado, mas acho que uma só vai ser suficiente".

Mais uns 15 e me levam pra outra sala. Achei que fossem lavar na pia...rs... que nada! Era uma lente ligada a um saquinho desses de soro de hospital. Colocam dentro do olho e fica saindo água dela por 10 minutos... afe, que agonia! testei todos os meus métodos de relaxamento e meditação, mas simplesmente não dava... resolvi contar os segundos! E o pior é que eu tava deitada e a água escorria no meu pescoço, no meu braço, nas minhas costas. Tinha toalha, mas não absorvia o suficiente. O avental ficou encharcado!

Quando eu tava no 40 o treco parou de jogar água. Sério, parecia filme de terror. Imaginei uma ventosa secando, puxando minha águinha do olho e ele sendo engolido por ela... hahaha... eu vejo muito filme. Já até tinha imaginado o close na última lágrima que caiu e escorreu até a minha orelha. Queria gritar, espernear, fazer qualquer coisa, mas não tinha coragem nem de abrir o olho.

Quando a médica voltou e tirou a lente, tava tudo bem. Só fiquei p da vida quando pedi uma tolha seca e ela: "usa a partinha seca dessas aí..." Vcs não acreditam, era só a pontinha, não dava nem pra secar o braço!

Fui embora de uber pra não pegar uma pneumonia, já tava rouca que só. O motorista também já tinha espirrado coisa no olho e disse que levou 10 horas pra ser atendido. Ao todo, o meu atendimento levou 3 horas, nem tão mal assim.

Moral da história: a consulta médica foi muito boa, mas o atendimento em geral bem precário. O olho ficou vermelho mais um dia e sarou. Já a voz não voltou até agora. :P

frozendica: se espirrar sabão no olho, lave em água fria por 30 minutos e vá imediatamente pro hospital (e não esqueça de levar uma toalhinha! )

Um comentário:

  1. Que loucura esse história!

    Segundo o escritor Douglas Adams a toalha é o objeto mais útil do universo, em sua obra: "Guia do Mochileiro das Galáxias" ele afirma que você nunca, mas nunca mesmo, deve sair de casa sem uma tolha.

    http://info.abril.com.br/noticias/blogs/omg/geek/8-usos-para-toalhas-que-todo-mochileiro-deve-saber/

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